Preparo, caracterização física, nutricional e avaliação citotóxica de micro e nanopartículas de Spirulina sp. LEB-18

Autor: Lidiane Moreira Chiattoni (Currículo Lattes)

Resumo

A carência de micronutrientes, conhecida como fome oculta, afeta um terço da população mundial e está relacionada, principalmente, à deficiência de vitaminas e minerais, como, por exemplo, o ferro. No Brasil, estudos conduzidos indicam que a anemia causada pela deficiência de ferro é a carência nutricional que mais prevalece no país e para a deficiência deste mineral e de outros a estratégia adotada é, geralmente, a fortificação de alimentos. A Spirulina sp. LEB-18 é uma microalga que demonstrou ser uma excelente fonte nutricional e potencialmente funcional, visto que possui uma variedade de micro e macronutrientes; logo, é estudada há anos por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande. Estudos sobre nanobiotecnologia na área de Ciência e Tecnologia de Alimentos são escassos, entretanto, quando ocorrem, têm como objetivo produzir sistemas mais eficientes, reduzindo em tamanho os compostos presentes na matéria-prima. Assim, o aprimoramento da nanobiotecnologia aplicada à área alimentícia com a possibilidade de desenvolvimento de produtos seguros e de maior qualidade nutricional motivou esta proposta, a qual se baseou na obtenção de micro e nanopartícula microalgais. Para isso foi utilizada como matéria-prima a biomassa seca de Spirulina sp. LEB-18 com granulometria máxima de 88 µm (amostra A). A obtenção das nanopartículas ocorreu através do método de agitação mecânica (10 10³ rpm por 20 min), em que 1 g da amostra A foi homogeneizada com 100 mL de solução tampão fosfato de sódio 0,2 mol L-1 e pH 7 (nanopartícula B) e 1 g da amostra A homogeneizada com 100 mL de água destilada pH 7 (nanopartícula C). Constatados os diâmetros médios e o índice de polidispersão pela técnica de espalhamento de luz e a morfologia por microscopia eletrônica de varredura, as amostras foram avaliadas quanto ao seu perfil nutricional, determinando-se a composição proximal, perfil de minerais e biodisponibilidade de ferro. A última etapa foi o estudo da viabilidade de células de fígado de Zebrafish, medida pelo método de MTT. Os resultados indicaram a viabilidade da técnica de agitação mecânica para obtenção de nanopartículas microalgais (B = 153,5 nm/C = 206,5 nm), porém estas tiveram, em grande parte, seu perfil nutricional afetado, quando comparados ao da biomassa seca de Spirulina sp. LEB-18. As nanopartículas, quando preparadas a partir da homogeneização da biomassa com água destilada (C), apresentam quantidade e biodisponibilidade de ferro superiores à amostra com solução tampão (B) e mais próximas ao recomendado pela Food and Drug Administration e como vantagem o conteúdo de sódio diminuído. Em relação à viabilidade celular, os resultados, de forma geral, não evidenciaram a toxicidade das nanopartículas C. Analisando os resultados em conjunto entre as amostras estudadas, a nanopartícula obtida a partir da ultrahomogeneização da biomassa com água destilada (C) representa uma potencial fonte alternativa para a alimentação humana no combate à anemia ferropriva.

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Palavras-chave: BiodisponibilidadeMacronutrientesMineraisViabilidade celularCianobactériasSpirulinaFerro