Desenvolvimento de embalagem ativa utilizando matérias-primas renováveis

Autor: Viviane Patrícia Romani (Currículo Lattes)

Resumo

A indústria de alimentos é uma das responsáveis pelo amplo consumo de embalagens plásticas. As preocupações ambientais provocadas pelo uso de polímeros a base de petróleo tem incentivado a utilização de matérias-primas renováveis e que facilmente se degradam no ambiente. Os polissacarídeos, lipídios e proteínas são capazes de originar matrizes contínuas e coesas, no entanto possuem algumas limitações em relação a aplicação em alimentos, como propriedades mecânicas e barreira. Visando uma melhoria nestas propriedades são elaboradas as blendas utilizando diferentes biopolímeros, pois combinam as vantagens dos materiais utilizados. Outra tendência na indústria de alimentos é a utilização das embalagens ativas, as quais interagem com o alimento visando o aumento da sua vida útil. Entre os aditivos utilizados nesta tecnologia estão os óleos essenciais e compostos fenólicos de plantas. O objetivo deste trabalho foi desenvolver filmes ativos a partir de blendas de amido de quirera de arroz e proteínas de corvina (Micropogonias furnieri) adicionadas de óleo essencial de orégano e extrato fenólico de pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi). O amido de arroz foi extraído por método alcalino e as proteínas de pescado foram obtidas pelo processo de pH shifting. Os compostos fenólicos da pimenta rosa foram extraídos com metanol e quantificados pelo método de Folin-Ciocalteau. No OEO e no EFP foi determinada a capacidade antioxidante pelos métodos de DPPH e em um sistema enzimático. As blendas foram obtidas através da técnica de casting e utilizou-se 25 % de glicerol como plastificante. Foram realizados dois planejamentos experimentais 2² sendo um empregando OEO e o outro EFP em diferentes concentrações, e ambos variando as proporções de amido/proteína. Os filmes foram caracterizados quanto a espessura, solubilidade, propriedades mecânicas, óticas e de barreira. De acordo com as propriedades obtidas na caracterização, um ensaio de cada planejamento experimental foi avaliado quanto a sua morfologia, propriedades térmicas, químicas e capacidade antioxidante. No planejamento utilizando OEO, o ensaio elaborado com a proporção de 50/50 de amido/proteína e 8,82 % de OEO (Ensaio 8), apresentou os melhores resultados, pois apresentou a menor solubilidade (8,0 %) e permeabilidade ao vapor dágua (0,18 g.mm/m².h.kPa), resistência à tração de 5,96 MPa e elongação de 85,5 %. O Ensaio 5 do planejamento utilizando EFP, elaborado com a proporção de 14,75/85,25 de amido/proteína e 6% de EFP, apresentou uma das menores solubilidades (19,5 %) e permeabilidades (0,19 g.mm/m².h.kPa) e a maior elongação (173,3 %) mantendo uma boa resistência à tração (6,50 MPa). Maiores concentrações de amido foram responsáveis por maior resistência, enquanto que as proteínas conferiram maior flexibilidade e originaram filmes mais amarelados. Os compostos ativos adicionados apresentaram o efeito de diminuir a permeabilidade ao vapor dágua e aumentar a elongação. A opacidade não foi influenciada pelas variáveis estudadas. A solubilidade diminuiu com maiores concentrações de OEO e teve o efeito contrário quando adicionado o EFP. Através da avaliação da morfologia verificou-se que os componentes utilizados foram compatíveis. Na determinação da capacidade antioxidante, a blenda adicionada de EFP apresentou maior potencial de inibir o escurecimento enzimático, sendo obtido 76,7 % de inibição. Os resultados indicaram que as blendas se mostraram promissoras para serem aplicadas como embalagens ativas em alimentos.

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Palavras-chave: Amido de milhoAntioxidantesEmbalagens ativasÓleo essencial de oréganoPimenta rosaProteínas de pescado