Extração de biopeptídeos de origem microalgal e aplicação no desenvolvimento de nanofibras bioativas

Autor: Carolina Ferrer Gonçalves (Currículo Lattes)

Resumo

As microalgas têm sido estudadas em processos biotecnológicos devido ao seu conteúdo nutricional rico em proteínas. A Spirulina possui certificação pelo FDA (Food and Drug Administration) como alimento seguro podendo ser adicionada em produtos para consumo humano. A hidrólise enzimática de proteínas permite obter peptídeos de baixa massa molecular com propriedades ativas que possuem ação de conservação de alimentos. A incorporação de antioxidantes na matriz das nanofibras formadas por electrospinning permite a liberação destes compostos visando à conservação de produtos. Este trabalho teve por objetivo o desenvolvimento de nanofibras contendo biopeptídeos extraídos de biomassa de Spirulina sp. LEB 18 para conservação de carne de frango. Inicialmente foi avaliado por delineamento composto central (DCC) 2 2 a obtenção de peptídeos da biomassa de Spirulina sp. LEB 18 por hidrólise enzimática. O perfil de biopeptídeos foi avaliado por método eletroforético e cromatografia em camada delgada (CCD) e a atividade antioxidante por métodos de sequestro de radicais livres DPPH, ABTS e poder redutor. As nanofibras foram produzidas com poli--caprolactona (PCL) com incorporação de biopeptídeos (10 kDa) e avaliadas as propriedades térmicas (DSC e TGA) e mecânicas (resistência a tração e alongamento). A estabilidade da carne de frango recoberta com as nanofibras contendo biopeptídeos foi determinada por TBARS e N-BVT no período de 12 dias de armazenamento. Foi obtido grau de hidrólise (GH) de aproximadamente 60 % na condição de 3 % (m/v) de substrato e 3 U.mL-1 de enzima. Os hidrolisados obtidos apresentaram maior conteúdo proteico solúvel bem como maior atividade antioxidante comparados a biomassa não hidrolisada. A presença de peptídeos/aminoácidos nas amostras foi detectada por CCD através da coloração por ninhidrina. As nanofibras de PCL com adição de 3 % (m/v) de biopeptídeos apresentaram diâmetro de nanofibras de 438 nm e menor ponto de fusão e degradação térmica quando comparadas com as nanofibras de PCL devido à presença de fragmentos proteicos. As nanofibras com biopeptídeos apresentaram atividade antioxidante quanto ao poder redutor de 0,182 (U.A.), 22,6 % e 12,4 % de inibição dos radicais DPPH e ABTS, respectivamente. Na avaliação de estabilidade de TBARS e N-BVT os cortes de frango recobertos com nanofibras contendo biopeptídeos apresentou maior controle nos índices de oxidação lipídica e bases voláteis totais comparados com a amostra controle sem recobrimento. Desta forma, as nanofibras de PCL contendo biopeptídeos com atividade antioxidante são potenciais alternativas para aplicação como embalagens primárias para conservação de produtos perecíveis como carne de frango.

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Palavras-chave: BiopeptídeosNanofibrasMicroalgasAntioxidantes