Soja : compostos funcionais e contaminantes fúngicos.

Autor: Bibiana da Silva (Currículo Lattes)

Resumo

O melhoramento genético pode alterar a composição química da soja, e isso pode se refletir em diversos aspectos, inclusive na sua resistência à contaminação fúngica, em vista que estas técnicas visam melhorar os mecanismos de defesa natural. Alguns compostos presentes na soja se destacam pelo potencial antioxidante, como as isoflavonas e outros compostos fenólicos, que protegem o vegetal, em especial os grãos, da ação danosa de fatores bióticos e abióticos. Neste trabalho foi avaliada a presença de compostos funcionais em soja e sua correlação com a ocorrência de aflatoxina B1 em cultivares de soja convencional e geneticamente modificadas. Dez cultivares de soja, sendo uma convencional e nove geneticamente modificadas foram caracterizadas quanto à presença e o perfil de frações fenólicas de diversas classes, incluindo ácidos fenólicos e isoflavonas, por métodos validados neste trabalho. As frações foram avaliadas quanto ao potencial de inibição da amilase fúngica e nas frações fenólicas solúvel e insolúvel em etanol os ácidos fenólicos vanilina e hidroxibenzóico, respectivamente mostraram maior correlação com a inibição da enzima (0,93 e 0,84). Na fração de isoflavonas, a genisteína mostrou o maior potencial de inibição, em concentrações em torno de 0,5 µg mL-1. Foram avaliados parâmetros de validação dos métodos de QuEChERS e de Soares, Rodrigues-Amaya para determinação de AFLAs em soja. A matriz apresentou alta influência na recuperação, impossibilitando a determinação das AFLAs B2, G1 e G2. O método de QuEChERS foi escolhido para determinar AFLAB1 por apresentar percentuais de recuperação entre 105 e 117%, baixa variabilidade (3,6%) e limite de quantificação de 0,06 ng g-1. Nas cultivares Monsoy 6972, Monsoy 8490, Monsoy 7639, Tornado e BRS 284 foi detectada a presença de AFLAB1 em níveis de 1,7 ng g-1; 2,3 ng g-1; 1,2 ng g-1; 1,1 ng g-1 e 0,9 ng g-1, respectivamente, todos abaixo do máximo permitido pela legislação brasileira para outras leguminosas. As amostras foram injetadas em CLAE-MS, para confirmação, não sendo detectada a presença de AFLAB1, pois o limite de detecção deste método (0,06 ng g-1) é superior ao determinado por fluorescência (0,03 ng g-1). A capacidade inibidora de amilase fúngica das frações fenólicas da soja e os baixos níveis de AFLAB1 detectados indicam que estes compostos tem ação protetora contra contaminação fúngica e a manifestação do potencial toxigênico deles.

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Palavras-chave: SojaMelhoramento genéticoContaminação fúngica