Obtenção de concentrado, isolado e hidrolisado protéico a partir de biomassa de Spirulina

Autor: Aline Massia Pereira (Currículo Lattes)

Resumo

Os suplementos alimentares são preparações destinadas a complementar a dieta e fornecer nutrientes como, vitaminas, minerais, fibras, ácidos graxos e proteínas ou aminoácidos, cuja necessidade nutricional não é suprida através da alimentação. A proteína é o principal componente dos alimentos encontrados em formulações para recém-nascidos, crianças em estado de desnutrição, idosos e praticantes de atividade física. Nas últimas décadas, as proteínas solúveis do soro do leite (whey protein), nas formas concentrada, isolada e hidrolisada, vêm sendo mais utilizadas devido à sua qualidade nutricional, porém elas estão altamente diluídas na porção aquosa do leite, gerada durante a fabricação do queijo, o que dificulta e encarece sua obtenção e utilização. A soja também é utilizada em suplementos alimentares, pois seus grãos possuem aproximadamente 40 % de proteína, porém é necessário tratamento térmico para eliminação de fatores antinutricionais, sem contar com questões éticas, ambientais e de segurança alimentar ligadas a utilização de soja transgênica. A microalga Spirulina apresenta elevado conteúdo protéico em sua biomassa e cerca de 50 % da massa total de proteínas é constituída de aminoácidos essenciais. Além disso, destaca-se por possuir o certificado GRAS (Generally Recognized As Safe) do FDA (Food and Drug Administration) o que garante o seu uso como alimento ou fármaco. A hidrólise de proteínas de microalgas proporciona rápida absorção e digestão de aminoácidos livres, di e tri-peptídeos resultantes do processo de hidrólise, o que pode favorecer a recuperação muscular de atletas pós-treinamento físico. O objetivo da presente dissertação consiste em utilizar a biomassa da microalga Spirulina sp. LEB 18 para obtenção de concentrado, isolado e hidrolisados protéicos que possam ser destinados à aplicação em alimentos e/ou suplementos alimentares. A biomassa da microalga foi obtida da planta piloto do Laboratório de Engenharia Bioquímica (LEB) localizada em Santa Vitória do Palmar (RS), moída, e suas proteínas foram concentradas e isoladas por precipitação isoelétrica. O concentrado e isolado protéico da microalga foram hidrolisados com protease comercial de Bacillus licheniformis, em biorreator agitado com controle automático de temperatura, agitação e pH, conforme condições ótimas da enzima. As propriedades funcionais, valor biológico e a atividade antioxidante dos concentrados, isolados e hidrolisados protéicos de Spirulina foram avaliados. Com o método de precipitação isoelétrica, foi possível obter concentrado e isolado protéico de Spirulina com 83,9 % e 91,3 % de proteína, respectivamente. A hidrólise enzimática com Protemax 580L, em biorreator STR, proporcionou a obtenção de hidrolisados protéicos com 54,4 %, 66,8 % e 77,9 % de grau de hidrólise. O valor nutritivo, funcional e biológico, avaliados neste trabalho, sugerem a incorporação dos extratos protéicos de Spirulina sp. LEB 18 e seus hidrolisados, como fontes alternativas de proteína, com alegação funcional e de saúde, podendo ser utilizados por praticantes de atividade física, idosos ou indivíduos que necessitem de proteínas.

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Palavras-chave: ProteínasSpirulinaSuplementos dietéticosHidrolisados proteicos