Avaliação do microencapsulamento por atomização e da bioatividade da polpa do araçá-boi (Eugênia stipitata)

Autor: Melchor Soria Iturri (Currículo Lattes)

Resumo

O araçá-boi (Eugenia stipitata) é uma fruta nativa da Amazonia Occidental que apresenta compostos bioativos com propriedades funcionais para a saúde, e foi comprovado que pode ser consumida para prevenir o câncer. A desvantagem que apresenta é que tem alto índice de perecibilidade, que o leva a perder em pouco tempo suas propriedades bioativas. Por esse motivo, o objetivo geral foi avaliar o microencapsulamento por atomização da polpa do araçá-boi para conservar sua bioatividade. Inicialmente realizou-se a caracterização físico-química da polpa de araçá-boi, ressaltando a alta acidez e o conteúdo de açúcares totais e redutores, por tal motivo para conservar os polifenóis totais e a capacidade antioxidante do fruto por microencapsulamento por atomização, foi necessário usar materiais de parede. Realizou-se a Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) para determinar a proporção do material de parede e a temperatura do bulbo seco (T.b.s) do ar de secagem a serem usados. As proporções usadas dos materiais de parede (Maltodextrina e Goma arábica) para obter as micropartículas da polpa de araca-boi foram 10 e 20 % m/m. A faixa da T.b.s do ar de secagem para maltodextrina foi de 100,4 até 118,5 °C; e para goma arábica foi de 132,0 até 150,5 °C. Para determinar a vazão do ar de secagem de um mini atomizador, onde a T.b.s do ar na saída fosse a mais baixa possível, usaram-se as propriedades termodinâmicas do ar úmido e o balanço de massa para água. Depois de que a melhor condição de secagem foi estabelecida, realizou-se a secagem por atomização da polpa de araçá-boi. Após a secagem por atomização, nas micropartículas obtidas do recipiente e nas retidas da câmara de secagem, quantificou-se a concentração de polifenóis totais e a capacidade antioxidante. As micropartículas do recipiente, obtidas com 20 % de maltodextrina a 100 °C foram as que conservaram uma quantidade maior de polifenóis totais e apresentaram maior capacidade antioxidante pelos três métodos testados (ABTS*+, DPPH, FRAP). Essas micropartículas apresentaram uma boa estabilidade térmica, pois foram semelhantes ao comparado com o comportamento térmico da maltodextrina pura, e apresentaram uma temperatura de transição vítrea (Tg) de 63,69 °C, podendo ser armazenadas à temperatura ambiente de 20 a 35 °C sem apresentar problemas de pegajosidade. Estas micropartículas foram também as que apresentaram morfologia esférica mais pronunciada, com tamanho heterogêneo de 5,98 ± 2,48 µm. As micropartículas do recipiente obtidas com 20 % de maltodextrina a 100 °C, após a simulação da digestão gastrointestinal in vitro foram as que apresentaram maior bioatividade para serem absorbidos pelo organismo, em vista de que elas conservaram 60,58 ± 1,65 % dos polifenóis totais da fruta, e apresentaram a maior capacidade antioxidante pelos três métodos testados.

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Palavras-chave: Engenharia de alimentosAraçá-boiBioatividadePsicrometriaCalorimetria exploratória diferencialSecagem por atomizaçãoMicroencapsulamentoDigestão gastrointestinal