Micro e nanocápsulas de concentrados de ácidos graxos insaturados de carpa comum utilizando quitosana, gelatina e suas blendas como material de parede

Autor: Vanessa Mendonça Esquerdo (Currículo Lattes)

Resumo

O óleo de pescado é uma fonte rica em ácidos graxos insaturados, porém sua utilização no preparo de produtos alimentícios é tarefa difícil devido a sua baixa solubilidade em água e instabilidade oxidativa. A formação de nanocápsulas por emulsificação e microestruturas com polímeros como quitosana e gelatina é uma alternativa pra melhorar estes aspectos. Neste trabalho foram elaboradas nanocápsulas e microestruturas de concentrados de ácidos graxos insaturados (AGI) obtidos a partir de óleo de carpa comum (Cyprinus carpio) utilizando gelatina e quitosana, na forma pura e suas blendas, como agentes encapsulantes. Foram avaliados os efeitos da proporção de quitosana:gelatina (100:0, 90:10, 70:30, 50:50, 30:70, 10:90, 0:100 (%)), concentração de polímero (1 e 2 % (m/v)) e tempo de homogeneização (10 e 20 min) nas características das nanoemulsões. A separação de fases ocorreu quando a proporção de quitosana:gelatina era igual ou superior a 50:50%. As nanoemulsões com proporção de quitosana acima de 70% permaneceram visivelmente estáveis, sem separação de fases, durante mais de 30 dias. O maior tempo de homogeneização (20 min) e a menor concentração de biopolímeros (1% m/v) resultaram em menores tamanhos de partículas e índice de polidispersão. O incremento na quantidade de gelatina levou a diminuição do tamanho das nanocápsulas. O potencial Zeta aumentou com a quantidade de quitosana (de 26,5 a 31,5 mV), enquanto o pH e o índice de refração não foram afetados pela proporção de biopolímeros. Após 7 dias de armazenamento, a nanoemulsão com 90:10 de proporção de quitosana:gelatina permaneceu no intervalo aceitável da legislação para os valores de índice de peróxido, p-anisidina e oxidação total (TOTOX). Após encontrar as melhores condições, as emulsões foram secas em liofilizador a fim de produzir microestruturas estáveis contendo as nanocápsulas. As microestruturas obtidas por liofilização foram irregulares e porosas com volume de poros variando de 0,015 a 0,029 m³ kg-1 e porosidade entre 93 e 97 %, tonalidade amarelada, baixa intensidade de coloração, com predominancia da cor do material de parede, confirmando um encapsulamento efetivo. As eficiências de encapsulamento variaram de 70 a 78%. Os valores de peróxido demonstraram que a microestrutura elaborada com quitosana pura foi a que apresentou melhor proteção dos concentrados de AGI em relação à oxidação primária. A adição da gelatina levou a oxidação mais rápida dos concentrados de AGI, essa diferença provocada pelo aumento da quantidade de gelatina demonstrou que houve uma inefetividade da gelatina como revestimento polimérico no óleo, deixando as paredes mais finas. As isotermas de adsorção de vapor de água foram estudadas nas temperaturas de 4°C e 25°C. O modelo de GAB foi o que apresentou o ajuste mais adequado e as formas isotérmicas foram do tipo II (sigmoide). O aumento da temperatura provocou diminuição do conteúdo de umidade. A adsorção de água foi um processo espontâneo, favorável e controlado pela entalpia. As microestruturas elaboradas com quitosana pura apresentaram características satisfatórias e alto rendimento de processo mostrando que a quitosana tem potencial para ser utilizada como um agente encapsulante de nanocápsulas lipídicas secas por liofilização.

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