Aplicação de compostos biologicamente ativos obtidos de resíduos da agroindústria em alimentos

Autor: Taiana Denardi de Souza (Currículo Lattes)

Resumo

O objetivo deste trabalho foi disponibilizar compostos com atividade antifúngica e antimicotoxigênica presentes em matrizes lignocelulósicas pela ação de fungos GRAS e verificar sua aplicabilidade em produtos alimentícios. Farelos de arroz, de trigo e de soja foram utilizados para verificar qual substrato seria mais promissor na recuperação de compostos de interesse para cadeia produtiva de alimentos, tais como os ácidos fenólicos (AF). O farelo de arroz foi o substrato que propiciou a maior disponibilização de compostos fenólicos solúveis em metanol (CFSM) pelos cultivos de R. oryzae e T. reesei, com aumento de 110% em cultivo com R. oryzae (24 h) e de 137% para T. reesei (48 h), sendo esta liberação influenciada pela ação de enzimas hidrolíticas como celulases e endoglucanases. Ácido gálico é o composto majoritório e o ácido ferúlico está fortemente ligado a matriz. A relação entre AF/CFSM foi maior para o cultivo com R. oryzae em 48 h (aumento de 55%), demonstrando que os compostos liberados possuem caráter ácido. A capacidade antioxidante foi avaliada utilizando os métodos DPPH, ABTS e peroxidase (PO). O ensaio de DPPH apresentou o máximo de consumo em 72 h para biomassa de R. oryzae (86%) e 96 h (80%) para biomassa de T. reesei. A atividade de PO diminuiu nos extratos obtidos da biomassa em 72 h de cultivo de ambos os fungos. O ABTS foi inibido somente nos extratos entre 0-48 h. A inibição de DPPH e peroxidase esta correlacionada ao conteúdo de ácido gálico e clorogênico. Os extratos obtidos de R. oryzae (48 h) apresentaram maior inibição do crescimento micelial de Penicillium verrucosum (64%) e Aspergillus flavus (56%). Ácido ferúlico e protocatecoico apresentaram correlação com a inibição de P. verrucosum e A. flavus. O extrato de T. reesei (24 h) inibiu o crescimento de A. flavus (64%) e P. verrucosum (54%), onde ácido protocatecoico e clorogênico estariam correlacionados com a inibição de P. verrucosum, e ácido cafeico e protocacóico com A. flavus. Todos os extratos fenólicos inibiram a síntese de OTA e AFLAB2. Ainda, o extrato fenólico da bioamassa de R. oryzae (48 h) foi avaliado sob diferentes cepas de Fusarium, Aspergillus e Penicillium e usando CL-qTOF/MS foram identificados 18 diferentes compostos no extrato. A concentração mínina inibitória (CMI) e concentração mínina fungicida (CMF) foram obtidas utilizando método de microdiluição com CMI variando entre 390 a 3100 µg/mL e CMF entre 780 a 6300 µg/mL. As cepas mais sensíveis ao extrato fenólico foram as de F. graminearum, F. culmorum, F. poae, P. roqueforti, P. expansum e A. niger. O extrato fenólico foi adicionado na elaboração de pães contaminados com P. expansum, nas concentrações de 0,5% e 1,0%, apresentou redução de 0,6 e 0,7 Log UFC/g, respectivamente. Tratamentos com propionato de cálcio 0,2% e extrato 1% resultaram em uma melhoria da vida útil dos pães em 3 dias. O extrato fenólico também foi aplicado em milho doce sobre esporos de F. cerealis, F. graminearum e F. poae. A cepa F. poae foi mais sensível aos extratos fenólicos, reduzindo em 96% DON com 1,0% de extrato e com 0,5% as toxinas T-2, HT-2 e BEA não foram detectadas. Para F. graminearum e F. cerealis foi observada a redução de DON, 3ADON e 15ADON em relação ao controle. Os extratos obtidos são promissores antioxidantes e antifúngicos, podendo atuar como aditivos, especificamente como conservadores.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: Engenharia de alimentosAntioxidantesAntimicotoxigênicoAntifúngicosInibição fúngicaCompostos fenólicosMilhoMilho docePreparação de pãesResíduos agroindustriais