Compostos de defesa em tomates (Solanum lycopersicum) de cultivo orgânico e convencional e sua susceptibilidade à contaminação fúngica e micotoxicológica

Autor: Marcy Heli Paiva Rodrigues (Currículo Lattes)

Resumo

O tomate é um fruto popular rico em compostos antioxidantes, porém seu alto teor de carboidratos e umidade o torna sensível à contaminação por diversos patógenos. As principais formas de cultivo do tomate são orgânico e convencional, portanto, a identificação das diferenças do perfil metabólico quanto à variedade e cultivo e sua relação com a contaminação fúngica são importantes ferramentas para inferir sobre o manejo da cultura e sua sustentabilidade ao longo dos diferentes pontos da cadeia alimentar. Os objetivos deste estudo foram avaliar a composição e ocorrência de compostos indicadores de defesa natural de tomates de cultivo orgânico e convencional, com ênfase naqueles relacionados à suscetibilidade à contaminação fúngica, visando subsidiar o manejo das culturas de forma mais sustentável e mitigar os danos à saúde humana. Primeiramente os tomates foram caracterizados quanto à sua composição química, carotenoides, compostos fenólicos, ácido ascórbico, perfil de açúcares, perfil fenólico e aminoacídico e determinação das enzimas de defesas. A partir desta composição o estudo foi conduzido a fim de avaliar as relações entre nutrientes, compostos bioativos e atividade antioxidante de variedades comerciais de tomates; analisar o impacto da variedade e tipo de cultivo (convencional e orgânico) na atividade de enzimas relacionadas aos mecanismos de defesa; verificar o efeito de compostos fenólicos extraídos de tomates de diferentes variedades e cultivo contra cepas de Penicillium expansum, Penicillium verrucosum e Aspergillus ochraceus; validar e aplicar método de determinação de patulina (PAT) e ocratoxina A (OTA) em tomates de cultivo orgânico, convencional e em frutos em diferentes estádios de maturação. Os tomates Cereja destacaram-se pelos teores de pectina (47%), licopeno (34,1 mg. g-1 ) e pela relação açúcar/acidez. A Análise de Componentes Principais (PCA) mostrou que o potencial antioxidante dos compostos fenólicos está relacionado às concentrações de ácido protocatecoico e quercetina. As atividades das enzimas peroxidase (PO), polifenoloxidase (PPO), catalase (CAT) e fenilalanina-amônia-liase (PAL) mostraram-se úteis para a certificação e rastreabilidade de tomates, uma vez que sua correlação foi superior a 0,9. A análise estatística confirmou que as atividades PO e CAT foram as mais promissoras para encontrar um modelo de resposta ao sistema de cultivo. Os extratos fenólicos dos tomates de cultivo convencional mostraram-se mais eficientes para inibir a contaminação fúngica possivelmente relacionada à presença do ácido cafeico neles. Os aminoácidos prolina e cisteína diferiram em resposta ao manejo da cultura e, portanto, podem ser usadas como marcadores de cultivo. Com relação às micotoxinas, OTA não foi detectada em nenhuma das amostras estudados e os níveis de PAT foram 70% mais elevados em tomates de cultivo convencional. As amostras de tomate da variedade Cereja apresentaram os maiores teores de acidez e os maiores níveis de PAT, indicando que estes níveis podem estar relacionados entre si. No estádio de maturação vermelho, cuja parede celular estava menos rígida, o tomate Caqui apresentou os maiores níveis de contaminação por PAT, confirmando que a rigidez da parede celular é um fator de proteção contra o patógeno.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: TomatePenicilliumAspergillusCompostos fenólicosPatulinaEnzimas de defesaOcratoxina A