Desenvolvimento de embalagens ativa biodegradáveis com fruto do cerrado

Autor: Gisele Fernanda Alves Silva (Currículo Lattes)

Resumo

Os frutos do cerrado brasileiro, apesar de seu potencial biotecnológico, ainda são subutilizados. Entretanto, é importante destacar que tais frutos como jatobá, macaúba e pequi, contêm uma riqueza de compostos poliméricos e bioativos que podem viabilizar a produção de filmes ativos e biodegradáveis. Pesquisas demonstram que compostos bioativos têm capacidade de aprimorar as propriedades dos filmes biodegradáveis. Uma vez que o alginato de sódio tem se destacado como uma matriz biopolimérica promissora na produção de filmes, torna-se interessante a incorporação de extratos de frutos do cerrado nessa matriz. Desta forma, o presente estudo tem por objetivo produzir e caracterizar filmes ativos e biodegradáveis a partir da utilização da polpa do jatobá e mesocarpo de pequi (ME) como matriz polimérica, além da incorporação dos extratos fenólicos das polpas e das partes não comestíveis de macaúba, jatobá e pequi em filmes de alginato. A tese foi dividida em cinco artigos. Nos artigos I e II, polpa de jatobá e ME, foram analisados quanto à composição proximal, os resultados obtidos indicaram viabilidade para serem utilizados como matrizes poliméricas. Os filmes foram elaborados pela técnica de casting e avaliados quanto ao seu desempenho em relação as propriedades primordiais para atuação como embalagens ativas, tais como propriedades mecânicas, barreira, cor e a presença de compostos fenólicos, bem como a atividade antioxidante. No artigo I, os filmes produzidos a partir da polpa de jatobá revelaram que menores concentrações de plastificante, maiores temperaturas e concentrações de farinha de polpa resultaram em valores superiores de propriedades mecânicas, além de apresentarem uma boa capacidade antioxidante e rápida degradação. No artigo II, os filmes desenvolvidos com ME demonstraram rápida biodegradação, alta capacidade antioxidante e a capacidade de inibição de S. aureus (24,7 mm) e E. coli (23,0 mm). A introdução de agentes reticulantes em filmes de ME reduziu a solubilidade em até 35% e aumentou o alongamento dos filmes em até 3,5 vezes, com o cloreto de cálcio promovendo a maior redução na solubilidade. O ácido cítrico se destacou como o agente mais eficaz na modificação das propriedades dos filmes, com ênfase na capacidade de aumentar a propriedade de alongamento, bem como as atividades antioxidantes e antimicrobianas. Nos artigos III, IV e V, os extratos de polpa macaúba, resíduos de pequi e polpa de jatobá, foram incorporados na matriz de alginato, respectivamente. Com base nos resultados obtidos, algumas formulações foram selecionadas para aplicação em produtos alimentícios em forma de saches biodegradáveis. Saches de extrato de macaúba e de ME e casca de pequi, foram aplicados em azeite de oliva (Artigos III e IV, respectivamente). Observou-se que ambos saches estenderam a a vida útil do produto. Sachês solúveis de polpa de jatobá foram empregados com sucesso no armazenamento de leite em pó integral, mantendo as características do produto (Artigo V). Os resultados deste estudo demonstram a eficácia da utilização de frutos do Cerrado como matéria-prima para a elaboração de embalagens biodegradáveis ativas, contribuindo de maneira significativa para a busca por soluções sustentáveis na preservação ambiental e na promoção da biodiversidade desse importante bioma brasileiro.

Palavras-chave: Atividade antioxidanteBiopolímerosCompostos bioativosFilme biodegradávelJatobáPequiMacaúbaEmbalagens biodegradáveisEmbalagens ativas