Estudo da qualidade de méis de abelhas sem ferrão (Meliponinae) produzidos no estado do Rio Grande do Sul

Autor: Lucas Cavagnoli Marcolin (Currículo Lattes)

Resumo

Este estudo teve como objetivo avaliar os parâmetros físico-químicos, a ocorrência de agrotóxicos e a presença de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs) em méis multiflorais produzidos por diferentes espécies de abelhas Meliponinae, coletados em diferentes estações do ano, espécies florais e locais no estado do Rio Grande do Sul (RS). A partir dos resultados foi constatado que os méis Meliponinae apresentaram maiores teores de umidade, acidez livre e concentração de sacarose e menores concentrações de açúcares redutores, quando comparado à legislação brasileira de mel de Apis mellifera. Além disso, não foram detectados resíduos de agrotóxicos em concentrações acima do limite de quantificação nas amostras de mel analisadas. A determinação de HPAs envolveu os poluentes considerados prioritários pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA), sendo constatada a presença de pelo menos um HPA nas amostras avaliadas. O PAHs variou de 1,4 a 23,3 ?g kg1, no qual 23% das amostras estavam acima dos níveis máximos permitidos em alimentos dietéticos para fins medicinais especiais. Além disso, o risco potencial de exposição na saúde humana (ECR) variou de 1,67 × 10-5 a 6,17 × 10-3 e de 2,97 × 10-6 a 1,10 × 10-3, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), respectivamente. Dessa maneira 61,54 % e 15,38% das amostras estavam acima do limite classificado como grave pela USEPA. Ainda, foi possível observar que os HPAs possuem potencial para serem utilizados como indicadores de poluição ambiental. Por fim, este estudo avaliou os parâmetros físico-químicos e a composição mineral em méis multiflorais produzidos pela espécie Tetragonisca angustula as quais receberam uma suplementação alimentar energética elaborada a partir do bagaço da laranja. Os méis produzidos pelas abelhas que receberam a suplementação demonstraram menores teores de acidez livre, condutividade elétrica e cinzas, além de apresentar minerais como potássio, cálcio e magnésio inferiores quando comparados ao mel controle (produzido pelas abelhas que não receberam suplementação), fato este, que pode estar associado a uma possível diminuição no forrageamento, coleta de pólen e néctar pelas abelhas.

Palavras-chave: MelQualidadeSuplementação alimentarPesticidasMeliponinaeAgrotóxicosHidrocarbonetos policíclicos aromáticos