Refino físico de óleo de farelo de arroz utilizando membranas de ultrafiltração

Autor: Renan Schmutz Juliano (Currículo Lattes)

Resumo

O óleo de farelo de arroz possui uma variedade de compostos nutracêuticos, como o -oryzanol, que o torna diferente dos demais óleos vegetais. Além de atuar como antioxidante no óleo, o -oryzanol está ligado a diversos benefícios a saúde humana, entretanto, o refino utilizado na indústria reduz em até 90% o seu conteúdo no óleo. Essa perda ocorre especialmente devido a etapa de neutralização, necessária para reduzir a acidez do óleo de farelo de arroz, principalmente após a degomagem ácida, que é utilizada na indústria por ser capaz de remover os fosfolipídios hidratáveis e não hidratáveis. Nesse sentido, a ultrafiltração é uma operação que pode ser utilizada para a remoção dos fosfolipídios sem a necessidade da adição de ácido no processo de refino. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi realizar o refino físico do óleo de farelo de arroz através da etapa de degomagem por meio de membranas de ultrafiltração, visando obter um óleo com elevado teor de -oryzanol. Também foi realizado o refino químico para comparação entre os óleos nas etapas dos refinos. O óleo de farelo de arroz foi obtido em uma indústria da região e, assim como o óleo refinado, foi caracterizado quanto aos índices de acidez, peróxidos, iodo, saponificação, p-anisidina, valor Totox, teores de carotenoides, de clorofilas e de -oryzanol. As membranas de ultrafiltração de polietersulfona e de celulose regenerada, da marca Sartorius, de 30 kDa e 10 kDa, respectivamente, foram adquiridas comercialmente. A etapa de degomagem por meio de ultrafiltração foi realizada a 50°C; sendo para a membrana de polietersulfona com diluição de 1/2 (óleo/solvente, m m-1) utilizou-se pressões manométricas de 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 bar, e para diluição 1/1(óleo/solvente, m m-1) as pressões foram de 1, 3, 5 e 7 bar. No caso da membrana de celulose regenerada com diluição de 1/2 (m m-1) utilizou-se 1 bar de pressão manométrica. Foi realizado estudo cinético da operação de ultrafiltração para identificar os processos de fouling que ocorrem em cada pressão. Na pressão de 1 bar e diluição de 1/2 (m m-1) a ultrafiltração se mostrou mais eficiente para a remoção do fósforo, reduzindo o seu teor em 96,6%, obtendo-se o fluxo de permeado de 5,8 L h-1m-2. O óleo degomado por ultrafiltração nessa condição passou pela etapa de branqueamento, e após o refino físico o óleo manteve a quantidade de -oryzanol semelhante estatisticamente (p>0,05) a presente no óleo bruto. Os teores de clorofilas e de carotenoides após o refino físico do óleo apresentaram valores semelhantes (p>0.05) aos obtidos após o refino químico. Uma alta acidez (ácido graxos livres, %AGL) e um valor adequado do total de oxidação (Totox) foram encontradas para o óleo após o refino físico, sendo respectivamente, de 9,1%ácido oleico e 22,0. Com o estudo conclui-se que, a degomagem por ultrafiltração é uma alternativa viável em relação a degomagem ácida para remover os fosfolipídios presentes no óleo bruto, e manter os níveis de -oryzanol do óleo quando comparado ao refino químico.

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Palavras-chave: y-orizanolSeparação por membranasCelulose regeneradaPolietersulfonaDegomagem