Cultivo de Spirulina sp. LEB 18 em água subterrânea salobra : potencial na produção de biomassa e proteínas

Autor: Talita Guilherme da Silva (Currículo Lattes)

Resumo

O cultivo de microalgas, especialmente de Spirulina, surge como alternativa promissora de proteínas alternativas para a indústria alimentícia, devido ao seu alto valor nutricional. No entanto, o cultivo desses microrganismos requer o uso de água doce e apresenta alta demanda de nutrientes, em torno de 35 %. Nesse contexto, tem havido crescente interesse em estratégias de cultivo sustentáveis, com enfoque na conservação dos recursos hídricos e na redução de custos. A água subterrânea salobra (ASS) pode, assim, representar alternativa viável e sustentável para a produção de biomassa microalgal e biomoléculas com aplicação comercial relevante no setor alimentício. No entanto, ainda existem lacunas relacionadas ao uso de ASS com redução de nutrientes em cultivos microalgais voltados à produção de biomassa com alto teor de proteínas. Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar a produção de biomassa e biomoléculas em cultivos de Spirulina sp. LEB 18, utilizando ASS e nutrientes do meio de cultivo Zarrouk, para aumentar o teor proteico da biomassa. O inóculo foi adaptado a 25 % v v-1 de ASS por 15 d e 50 % v v-1 de ASS por mais 15 d. Os ensaios foram realizados com 50 % v v-1 de ASS sem adição de nutrientes (0 %), com adição de 100 % de nitrogênio e fósforo para todos os ensaios, enquanto as concentrações de cloreto férrico e EDTA dissódico variaram entre 15 %, 25 %, 50 %, 75 % e 100 % m v-1. Os ensaios foram conduzidos em duplicata, em modo descontínuo, utilizando fotobiorreatores vertical com volume útil de 1,8 L. A agitação dos cultivos foi realizada pela injeção de ar comprimido por meio de aspersor do tipo pedra porosa, previamente filtrado em lã de vidro, com concentração inicial de biomassa de 0,2 g L-1, a 30 ºC, fotoperíodo 12 h claro: 12 h escuro, intensidade luminosa de 44,8 µmol m-2 s-1, ao longo de 15 d. A maior (p < 0,05) concentração de biomassa (2,0 g L-1), produtividade final (0,12 g L-1 d-1) e produtividade de proteínas (67,4 mg L-1 d-1) foi obtido na condição com 100 % m v-1 das fontes de cloreto férrico e EDTA, quando comparado ao cultivo controle. Além disso, o ensaio sem adição de nutrientes do meio de cultivo Zarrouk (0 %), promoveu o maior (p < 0,05) acúmulo no teor de carboidratos na biomassa de Spirulina sp. LEB 18 (52 % m m-1) em comparação aos outros ensaios, indicando redirecionamento metabólico para compostos de reserva. Portanto, o uso de ASS, em conjunto com adição de diferentes concentrações de ferro e EDTA demonstrou ser uma estratégia eficiente para a produção de biomassa microalgal com elevado teor proteico. Essa abordagem contribui para a redução do consumo de insumos e da demanda por água doce, apresentando potencial promissor para aplicações na indústria alimentícia.

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