Filmes à base de quitosana com compostos antociânicos para potencial uso como embalagens alimentícias

Autor: Janaína Barreto Alves Zacheski (Currículo Lattes)

Resumo

Com os avanços da indústria de alimentos surgiram questões como o descarte inadequado de resíduos sólidos e o elevado consumo de plásticos em embalagens. Nesse contexto, iniciativas como o reaproveitamento de resíduos para a elaboração de filmes biopoliméricos é uma alternativa - visto que alguns resíduos possuem substâncias valiosas. Como a casca de camarão onde encontra-se a quitina, segundo polissacarídeo mais abundante na natureza, que quando desacetilado resulta na quitosana, derivado altamente reativo, biodegradável e versátil. Já a casca de uva é rica em antocianinas, antioxidantes capazes de contribuir para a produção de filmes, mas que são altamente instáveis. Por isso, para preservar esses compostos antociânicos de condições adversas, técnicas de microencapsulação podem ser interessantes para o preparo de filmes. Portanto, este estudo teve como objetivo desenvolver e caracterizar filmes biopoliméricos à base de quitosana (FQ) e com micropartículas de extrato rico em antocianinas (FQA). Para isso, a quitina foi extraída das cascas de camarão e a quitosana purificada foi produzida. O bagaço de uva e as cascas selecionadas foram secos em bomba de calor a 70 °C por 55 minutos, moídas e peneiradas para obtenção de um extrato rico em antocianinas via sólido-líquido (etanol 70%, 1:10 m/v). O teor de antocianina (método de pH único) e a atividade antioxidante (ABTS e DPPH) dos extratos foram quantificados. As emulsões filmogênicas foram obtidas por agitação mecânica, quitosana (195 kDa e grau de desacetilação de 84,1%) diluída em ácido acético (1%) e concentrações de antocianinas de 1, 2, 3, 5 e 10%, Tween 80 (5% m/m) e glicerol (10% m/m) e após produzidos por casting. O tamanho de partícula, índice de polidispersão (IPD) e potencial zeta das emulsões foram analisadas. Os filmes foram caracterizados quanto a espessura, tensão na ruptura (RT), alongamento na ruptura (AR), permeabilidade ao vapor d'água (PVA), atributos de cor, microscopia eletrônica de varredura (MEV), espectroscopia na região do infravermelho (FTIR), análises térmicas (DSC, TGA e DTG) e sua atividade antioxidante durante 30 dias. O extrato de bagaço apresentou teor de antocianina de 139,36 mg 100 g-1 e a casca 220 mg 100 g-1 (escolhida para compor as emulsões). O tamanho de partícula diminuiu quando enriquecida com concentrações de até 3% de extrato com compostos antociânicos. O potencial zeta foi acima de +30 mV e o IPD abaixo de 0,4 para todas as emulsões. FQA apresentaram aumento para espessura, RT, AR e PVA. Os atributos de cor apresentaram valores esperados para filmes de quitosana com extrato de antocianinas. O FTIR indicou variações nas intensidades e posições das bandas, devido às interações intermoleculares. As análises térmicas indicaram alterações nos picos de degradação, demonstrando maior estabilidade para os filmes com maior concentração de extrato. A análise de MEV mostrou superfícies desiguais para FQA e a melhor atividade antioxidante dos filmes foi observada em média próximo do dia 15. Assim, os resultados expressam que o enriquecimento de filmes de quitosana com compostos antociânicos extraídos da casca de uva em forma de micropartículas é promissora para o aperfeiçoamento das propriedades dos filmes sem extrato.

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